segunda-feira, 29 de junho de 2009

RESENHA: FINLEY, Moses. “História Antiga; Testemunhos e Modelos”. São Paulo, Martins Fontes, 1994

Em sua primeira análise o autor destaca como a história passou ser mais bem compreendida a partir da escrita, e fez uma breve análise de como eram considerados os fatos arqueológicos.
No que se diz respeito à originalidade e a veracidade das fontes primarias, o autor faz vários comentários, porém como podemos afirmar com certeza que o conteúdo de um papiro, ou qualquer fonte escrita é real ou fictício. Em relação a isso achamos que ate a opinião do autor é um pouco vaga e contraditória, o fato de haver lacunas entre grandes períodos não implica que não se tenha havido relatos, podem simplesmente terem sido destruídos, perdidos, etc. Quem é capaz de afirmar com certeza que não houve relato nenhum?
Afirmar também que essas lacunas foram preenchidas com histórias fictícias achamos ser um pouco vago, pois como em todos os lugares e em todas as épocas sempre existiram varias formas literárias. Achamos que afirmar desta forma deva ser um pouco radical.
Quanto a se dizer que “padecemos de um mal incurável, a falta total de fontes primárias”, isto não tem como contestar, por mais que se encontrem essas fontes sempre estará faltando alguma coisa.
O autor destaca sempre com ênfase a falta de fontes e ao mesmo tempo colocando em dúvidas as existentes. Neste ponto concordamos com algumas coisas e discordamos de outras. No que se diz respeito à falta de fontes e notório concordarmos. Porém voltamos a dizer que por mais que se estude e que se descubra novos relatos históricos, não podemos dizer com a certeza relatada pelo autor que esse seja real ou fictício.
O fato de se encontrar mais relatos sobre uma determinada época ou sobre esse ou aquele imperador, rei, governante etc., pode entre muitas outras análises significar que eles só relatavam ou guardavam somente aquilo que eles achavam importantes. Quem pode afirmar realmente que isto ocorreu ou não que se relatou ou não? Cremos que ninguém. Achamos também um pouco vago afirmar que os poemas de Horácio na sua maioria são fictícios. Poderia ser apenas a sua maneira de relatar os fatos. Querer também saber com certeza o que este ou aquele rei falou na integra em um discurso, cremos ser um pouco de preciosismo.
Vamos tentar fazer uma análise mais global do assunto sobre a falta de fontes primarias, para não sermos tão repetitivos. Sabemos da falta dessas fontes, porém achamos que os documentos encontrados são analisados muito minuciosamente, não que isso seja um erro, mas tentar afirmar que este ou aquele tipo de relato é real ou fictício achamos um pouco de preciosismo, porque é quase impossível tentar deduzir a forma como foi relatado certo fato. Isso já ultrapassa a barreira entre analisar os fatos e tentar adivinhar como cada um os relatava. No mundo contemporâneo vários fatos iguais são relatados de formas diferentes, utilizando-se de várias formas literárias. Quem é capaz de afirmar que isso também não ocorreu na antiguidade? Será que os poemas não eram apenas uma forma de tornar mais interessantes os relatos? Será que Tácito, Suetónio e Dião Cássio que embaralharam os relatos sobre o grande incêndio de Roma, ou os pesquisadores é que não conseguiram em um consenso na hora de decifrá-los? O fato é que por mais que se estude e se análise sempre haverá contradições entre os historiadores.
No que se diz respeito à arqueologia o autor faz uma comparação entre o clássico e o moderno, ele descreve com coerência. Concordamos com as análise e relatos aqui colocados pelo autor nesta parte cremos que não há um grande confronto de idéias, afinal a arqueologia se baseia em materiais encontrados, tais como cerâmicas, fosseis e diversos outros e com as novas técnicas está cada vez mais fácil tentar precisar a idade dos achados. Porém como acontece com as fontes escritas, muitos desses achados deixam dúvidas entre os pesquisadores, sendo difícil precisar algum fato. Claro que a arqueologia não tem como objetivo relatar fatos ocorridos e sim decifrar através dos materiais encontrados como eram os modos de vida de certos povos.
Achamos que um dos fatores que atrapalham tanto os estudos históricos e principalmente arqueológicos foi a “invasão” de certas áreas por pessoas que não tinham o intuito de pesquisar e sim de obter objetos com valor comercial. Assim achamos que várias fontes históricas que poderiam esclarece ou complementar algum fato possam estar nas mãos de antiquários, colecionadores etc. sem que tenham sidos analisados de forma coerente.
Podemos concluir dizendo que apesar de algumas dúvidas e diferenças de pensamentos o texto do autor e muito esclarecedor e apesar de técnico, de fácil compreensão. As dúvidas e incertezas, tais como o conflito de idéias sempre ocorreu e sempre ocorrerá no estudo das fontes primárias (documentos) ou arqueológicas. Podemos dizer que estes conflitos é que tornam esses estudos fascinantes.

4 comentários:

  1. Muito bom.
    Estou no primeiro período da graduação de História e estava encontrando um pouco de dificuldade ao ler esse livro do Finley, mas graças a sua resenha consegui esclarecer algumas coisas na minha cabeça. rs' Obrigada!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Estão, o Tucidides por exemplo, não preencheu algumas lacunas?

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  4. Finley é muito pessimista... falta material, falta documento, falta tudo... ainda bem que os arqueólogos não pensa igual ele, eles continuam procurando...E esse é o papel te todo historiador: Procurar,Problematizar e Investigar!

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