segunda-feira, 29 de junho de 2009

O MÉTODO CIENTÍFICO

Método científico, racional e argumento de autoridade.

Noção e importância do método:

Em seu sentido mais amplo, o método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim ou um resultado desejado. Na ciência é o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade.
O método não se inventa, depende do objeto de pesquisa. Isso possibilitou que processos considerados empíricos no inicio se transformassem em métodos verdadeiramente científicos.
Hoje não se pode improvisar, a fase é da técnica, da precisão e do planejamento. Muitas vezes, um espírito medíocre, guiado por um bom método, faz mais progressos nas ciências que outro mais brilhante.
Claro que o método não substitui o talento e a inteligência do cientista, pois também tem seus limites, isso depende do gênio e da reflexão do cientista.
O método é apenas um conjunto de procedimentos que se mostraram eficientes ao longo da historia, na busca do saber. E o método científico é, pois, um instrumento de trabalho, o resultado depende de seu usuário.

Método científico
O método científico quer descobrir a realidade dos fatos e esses, ao serem descobertos, deve por sua vez guiar o uso do método. Entretanto, o método é apenas um meio de acesso: só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos realmente são.
O método científico segue o caminho da duvida sistemática, metódica, que não confunde com a duvida universal dos céticos, que é impossível. E deve ser aplicado sempre de modo positivo.
Toda investigação nasce de algum problema observado ou sentido, de tal modo que não pode prosseguir a menos que se faça uma seleção da matéria a ser tratada.
O método científico é lógica geral, tática e explicitamente empregada para apreciar os méritos de uma pesquisa.
Existe uma diferença entre método e processo. Entende-se por método o dispositivo ordenado, o procedimento sistemático, em plano geral. O processo é aplicação do plano metodológico e a forma especial de se executar. Pode-se dizer que a relação entre eles á mesma existente entre estratégia e pratica.

Método racional

O método racional não é aplicado nas realidades, fatos ou fenômenos suscetíveis de comprovação experimental. Todo método depende do objetivo de investigação.
O método racional também se desdobra em diversos processos, como a observação, a analise e a síntese, a indução e a dedução, a hipótese e a teoria, procura interpretar a realidade quanto à sua origem, natureza profunda, destino e significado no contexto geral. Por esse método procura-se obter uma compreensão e visão mais ampla sobre o homem, sobre a vida, sobre o mundo, sobre o ser. É exatamente a possibilidade de comprovar ou não as hipóteses que distingue o método experimental do racional.

Argumento de autoridade

O método concretiza-se nas diversas etapas ou passos que devem ser dados para adicionar um problema. O objeto de investigação determina se o método empregado será experimental ou racional.
As técnicas ou processos utilizados é que irão determinar com certeza se o método será o experimental ou indiretamente com adaptações impostas o racional.

Observação

É através dela que o cientista tira todas as suas dúvidas, sem ele o estudo da realidade ficaria reduzido a deduções e a adivinhações.

Condições físicas

É a utilização dos instrumentos necessários para o êxito de uma pesquisa, pois somente os sentidos não bastam. Ex: microscópios, telescópios, chapas fotográficas etc.

O cientista deve ter condições para realizar sua pesquisa:
Condição intelectual: curiosidade e sagacidade;
Condição moral: paciência, coragem e imparcialidade;
Regras de observação: que deve ser atenta, exata, completa e precisa.

Hipótese

A hipótese consiste em supor a verdade ou explicação que se busca, cientificamente falando equivale habitualmente, à suposição verossímil, depois comprovada ou não pelos fatos que decidirão em ultima estância. Hipótese é a suposição de uma lei determinada a explicar provisoriamente um fenômeno, até que os fatos venham a contradizer ou afirmar.
As hipóteses não devem contradizer nenhuma verdade já aceita ou explicada, deve ser simples, o sábio, deve escolher o que lhe parecer menos complicado e deve ser sugerida e verificada pelos fatos.

Experimentação

A experimentação consiste no conjunto de processos utilizados para verificar as hipóteses. Difere da observação porque obedece a uma idéia diretriz e não, simplesmente porque implica a intervenção do sábio em vista de modificar os fenômenos.
O princípio geral em que se fundamentam os processos de experimentação é o determinismo: nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos, ou ainda, as leis da natureza são fixas e constantes.
Segundo muitos estudiosos existem varias regras e métodos para o sucesso de um experimento. Porem na pratica a experimentação pode se desenvolver de muitas formas, ou seja, cada sábio cria seus próprios métodos e regras para conduzir um experimento.

Indução

É o processo pelo qual, raciocinando, generalizando ou antecipando se chega a princípios gerais partindo de fatos particulares. Há indução quando pelo conhecimento de uma verdade geral.
O processo mental de indução exige uma serie de passos, em parte inconscientes, pelos quais se chega a generalização final. O ponto central desse processo é a observação e a comprovação dos vários fatos que determina a criação da hipótese geral que os sintetiza.

Inferência

É um ato mental ou processo de derivar um juízo ou sentença. Na vida diária estamos quase sempre fazendo inferências, isto é, tirando conclusões de fatos, de evidencias, de suspeitas, de crenças. Inferência é um termo mais geral que inclui em seu significado os termos: raciocínio, dedução, indução etc.
Ela pode ser imediata ou mediata. É imediata quando chegamos à proposição nova sem intermediários. E mediatas são todas as conclusões a que se chega pelo raciocínio dedutivo ou indutivo.

Valores das leis induzidas nas diversas áreas da ciência

As leis científicas que o processo indutivo alcança são as relações constantes e necessárias que derivam da natureza das coisas. As leis exprimem quer relações de existência ou de coexistência querem relações de casualidade ou de sucessão, quer enfim relações de causalidade.
Nas ciências experimentais as leis possuem maior rigor e exatidão do que nas ciências humanas, pois, enquanto estas estão condicionadas, mais ou menos, à liberdade humana, aquelas que seguem o curso fatal do determinismo da natureza. Desse fato, entretanto, não se pode concluir que as ciências humanas se constituem em simples opiniões mais ou menos variáveis.
As ciências humanas ocupam o ultimo lugar na hierarquia das ciências quanto a precisão e ao rigor de seus resultados. As ciências humanas são resultados menos precisos e de mais difícil estudo. Suas leis são mais flexíveis e menos rigorosas, entretanto, expressam suficiente estabilidade e constância, a ponto de poderem fundamentar verdadeiras ciências.

Dedução

A dedução é a argumentação que torna explicitas verdades particulares contidas em verdades universais. O ponto de partida é o antecedente, que afirma uma verdade universal, e o ponto de chegada é o conseqüente, que afirma uma verdade menos geral ou particular contida implicitamente no primeiro.
A essência do processo dedutivo é a relação lógica que se estabelece entre preposições, dependendo o seu rigor do fato de a conclusão ser sempre verdadeira, desde que as premissas também o sejam.
O processo dedutivo, por um lado, leva o pesquisador do conhecimento ao desconhecido com pouca margem de erro, por outro lado, é de alcance limitado, pois a conclusão não pode possuir conteúdos que excedam o das premissas.

Análises e sínteses

A análise é a decomposição de um todo em suas partes. A síntese é a reconstituição do todo decomposto pela analise. Ou, por outra: a analise é o processo que parte do mais complexo para o menos complexo e a síntese do mais simples para o menos simples.
Sem a análise, todo o conhecimento é confuso e superficial, e sem a síntese é fatalmente incompleto. Existem espécies de análises e síntese.
As análises e sínteses experimentais operam sobre os fatos ou seres concretos, sejam materiais ou imateriais, são essenciais nas pesquisas cientificas realizadas em laboratórios.
Já as análises e sínteses racionais, operam não mais sobre os seres e fatos, mais sobre idéias e verdades mais ou menos gerais.
A análise racional se faz por meio da resolução. Consiste essencialmente em reduzir o problema proposto a outro, mais simples, já resolvido.
A síntese racional parte de um princípio geral mais simples e evidente e dele deduz, por via de conseqüência, a solução desejada.
A análise e a síntese racionais só podem ser feitas mentalmente e são empregadas principalmente na filosofia e na matemática.
A análise é uma espécie de indução: em ambos os casos partem-se do particular, do complexo para o princípio mais simples. Já a síntese é uma espécie de dedução: vai-se do mais simples ao mais complexo.

Teoria

O termo teoria aqui é empregado para significar em resultado que tendem as ciências, ou seja, são as chamadas teorias cientificas que reúnem um determinado número de leis particulares sob a forma de lei superior e mais universal.
Atualmente, porem, teoria designa uma construção intelectual que aparece como resultado do trabalho filosófico ou cientifico. A teoria não pode ser reduzida como alguns pretendem a hipóteses. A teoria distinguiu-se da hipótese, uma vez que a hipótese é verificável experimentalmente, e a teoria não.
Existem as funções teóricas que coordenam e unificam o saber científico, são instrumentos preciosos do sábio, sugerindo-se analogias até então ignoradas e possibilitando-lhe, assim, novas descobertas.
Segundo a explicação filosófica as teorias científicas são explicativas, isto é, expressam a essência da natureza sensível, visto que toda a ciência tem por objeto o que as coisas são ou suas essências. Contudo, não expressam a essência nela mesma, e sim, em seus sinais observáveis e experimentais.

Doutrina

A ciência visa explicar os fenômenos. Para isso observa, analisa, levanta hipóteses e as verifica, em confronto com os fatos, pela experimentação, e induz a lei, colocando-a num contexto mais amplo, através das teorias.
A doutrina é, assim, um encadeamento de correntes, de pensamentos que não se limitam a constatar e a explicar os fenômenos, mas apreciam-nos em função de determinadas concepções éticas, à luz destes juízos, preconizam certas medidas e proíbem outras.
A doutrina situa-se entre os problemas de espírito e os fatos e, estando largamente assentada nesses dois domínios, permite perceber a síntese.

Um comentário:

  1. Muito boa sua definição de método racional! Parabéns professor... sucinto e direto.

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