segunda-feira, 29 de junho de 2009

O POVO DAS ÁGUAS

O Povo das Águas.

Os povos da Amazônia, os povos da floresta, os povos das águas, sociedades organizadas que passam a ser conhecidas mundialmente no século XV, com a chegada dos Europeus, não se trata somente do amazônico, mas do Pólo Norte ao Pólo Sul através das Américas, já no final do século XV o conquistador faz os primeiros contatos, tornando-se oficialmente em 1542, de acordo com relatos do Frei Gaspar Carvajal, onde passa a narrar e documentar a vida do nativo da região amazônica, momento em que inicia o processo de degradação da cultura indígena e alguns casos a anulação total dos costumes e de etnias inteiras, até os dias atuais.

O Ambiente.

A Amazônia e composta de um território complexo e peculiar, com suas características próprias, com uma abrangência do norte do Brasil e parte de alguns países vizinhos, como Venezuela, Colômbia, Bolívia e Peru, áreas com características semelhantes em clima, relevo, vegetação, fauna, flora e principalmente a hidrografia banhada por rios e igarapés que convergem para o rio Amazonas.
O conquistador europeu ao chegar observa que grande parte da população habita as margens dos rios, onde eram favorecidos pela agricultura, pesca e transporte, fato este que proporcionou maior contato com o branco, já que o mesmo penetrou através dos rios. Já no século XVIII, pode se observar um quadro bastante degradado dessas populações, pois em apenas dois séculos desaparece o índio, surgindo o caboclo amazônico. O acervo arqueológico é pobre, face às construções serem de material perecível como madeira e fibras vegetais, restando achados de cerâmica que muito tem contribuído no campo de pesquisa.

A População Amazônica.

A população indígena amazônica se diferencia pela língua, já que os hábitos e costumes eram muitos semelhantes, a etno-história, recentemente busca outras formas de pesquisas, através das noticias narradas por conquistadores da época da colonização, busca-se também nas tradições das tribos mais recentemente contadas, onde é observada a língua e a mitologia.
O indígena da Amazônia se divide por troncos lingüísticos o Aruak, o Tupi e o Karib. O Aruak com maior abrangência por serem mais antigos (Waraiku, Baniwa, Arawak etc.) ocuparam a metade ocidental da bacia amazônica, o oeste do Rio Negro e Madeira, Bacia do Orinoco e o litoral das Guianas até a ilha do Marajó. Os Tupis (Parakanân, Tupinambá, Guajajára etc.) no centro-oeste da bacia amazônica, já os Karib (Makuxi, Bonari, Arara etc.) contactados, mas recentementes ocupam o leste da Amazônia e as Guianas.


Organização Social.

Entre as etnias amazônicas havia várias formas de organização uma delas era o Senhor de Aparia que era a tribo do Omágua, que governavam por principais nas aldeias e no meio da província tinha um rei denominado Tururucari que significa “o seu Deus” e assim era tido. Na região do Negro os índios tinham um principal denominado Tabari que dominava várias aldeias de diversas etnias.
Algumas tribos no alto Amazonas como os Omágua, Tukuna, Peva e Cavachis reconheciam o prestígio familiar, isso era mantido através da proibição dos casamentos entre jovens de famílias ditas superiores com inferiores, ou seja, o casamento só era consentido entre pessoas de mesma linhagem familiar.
Os Iruris do Madeira tinham linhagens hierárquicas e circunscritas especificas, entre eles quem governava eram os mais capazes, que eram sucedidos pela morte do principal. No caso dos tapajós cada aldeia tinha um chefe, outra particularidade dos mesmos é que algumas mulheres conseguiam status privilegiados e eram chamadas de Moacara que quer dizer Fidalga Grande.
A posse de escravos de guerra era freqüente em todos os povos, porém os Omágua matavam os chefes e guerreiros mais valentes com medo de rebeliões.
Os Tupinambás chegaram até o Amazonas depois de migrarem buscando por terras melhores e conquistaram vários povos que acabou se misturando aos mesmos formando uma só nação, entre eles era praticada a poligamia chegando um homem a ter oito mulheres.

Manufaturas

No caso das manufaturas cada região tinha sua particularidade, no alto amazonas era comum o cultivo do algodão para confecção de roupas e o uso de adornos feitos de laminas de ouro. No médio amazonas os índios não usavam roupas enfeitavam-se de fibras trançadas, penas, tiras e pedras lapidadas em forma de animais, os utensílios eram feitos de pedra, osso, concha, casco de tartaruga, espinhas de peixe e madeira. A maior parte dos utensílios usados por todos eram feitos de cerâmica.
No caso das armas também se diferenciavam enquanto no alto amazonas era usada uma espécie de lançador de dardos, abaixo no Negro predominava o uso de arco e fecha zarabatana, lanças e tacapes. Os guerreiros em combate usavam escudos de madeira ou couro de jacaré quando se deslocavam em canoas e pequenos escudos redondos quando combatiam em terra.
Cada povo tinha uma especialidade, os Caripunas dominavam os trabalhos em madeira, os Mutayus em machados de pedra e os Yurimágua em fabricar cuias polidas e pintadas que se tornaram tão famosas que foram ate exportadas.


Comércio e Relação Intertribal.

As relações intertribais eram compostas de alianças e guerras, as guerras eram mais freqüentes entre os povos da várzea contra os de terra firma, porém existiam os conflitos entre os povos de uma mesma região, sendo que alguns desses desentendimentos atravessavam por gerações.
A prática do comércio já era executada por eles, havia uma rede de caminhos que ligavam as tribos de terra firme com as da várzea, outra facilidade encontrada por eles era o uso do rio, sendo capaz transpor grandes distancias, através dele eram comercializadas laminas de ouro, urucu, redes de miriti e até escravos.
No caso dos escravos o comércio era realizado com mais freqüência pelas tribos com maior proximidade com as Guianas, que o faziam com os holandeses, que davam armas e ferramentas em troca dos escravos.


Religião.

As religiões dos indígenas são muitos semelhantes, divergem apenas em alguns nomes de Deuses e realização de alguns rituais. Todas elas são politeístas tendo como Deus maior o Sol, que recebe um nome diferente de acordo com as tribos, há uma grande adoração dos ídolos que representam seus deuses e cada um dele tem seu ritual específico de adoração. Esses rituais também variam de tribo para tribo, todos tem o mesmo propósito, porém são feitos de maneiras diferentes. Entre os rituais um dos mais interessantes estão os fúnebres, em algumas aldeias os índios chegavam a ingerir as cinzas dos entes mortos, em outras como no caso dos Tapajós, depositavam em uma cabana o corpo com o rosto coberto e junto com seus bens, depois de decomposto eles moíam os ossos e faziam uma bebida, mas não a consumiam e sim guardavam. Mas na sua grande maioria os mortos eram cremados e suas cinzas depositadas em urnas de cerâmica.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo comentário sobre os nossos índios, isso devia ter nas escolas públicas do Amazonas, isso faz parte da nossa história!! 👏🏽👏🏽👏🏽

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  2. Me lembrei da toada Réquiem, do Boi Caprichoso ao ler este artigo. Parabéns.

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