domingo, 28 de junho de 2009

INDEPENDÊNCIA DE QUEM?

A Revolução do Porto serviu dentre outros objetivos, como artifício pelos portugueses para tentarem retomar o domínio absoluto sobre o Brasil, pois desde a transferência da Corte para o Brasil a burguesia portuguesa tinha sido duramente afetada perdendo todos seus privilégios principalmente financeiros.
Com esse episódio a burguesia portuguesa conseguiu restituir algumas vantagens, mesmo que teoricamente, o que causou temor e consequentemente reação do lado brasileiro, que temiam a volta do antigo Regime Colonial. Porém todos os ideais levantados com a Revolução só serviram para aumentar os pontos de descontentamento entre as partes, acordos se tornaram impossíveis e se acirrou ainda mais os desejos pela Independência.
Os ideais de liberdade ganharam ênfase no cenário brasileiro com a ampliação da Imprensa, que antes só era mantida e controlada pela Corte, com isso vários jornais surgiram cada um divulgando e contrariando certas ideias e ideais. Com isso vários projetos de emancipação foram idealizados e divulgados, vale ressaltar que não se havia adquirido o pleno direito a imprensa ela ainda continuava sendo alvo de forte censura imposta pela Coroa.
Os ideais de emancipação ganharam mais força com a abertura das Lojas Maçônicas onde eram constantemente elaborados e discutidos. Porém todos os ideais esbarravam em interesses particulares, pois havia o interesse na emancipação, mas, todavia não se podia esquecer-se das consequências a maioria da elite brasileira buscava a execução dos ideais, mas sempre tentando não por em risco o seu poder sobre as camadas mais baixas da sociedade.
Alguns ideais liberalistas assustaram a elite brasileira, pois propunham a participação das camadas populares no processo. Ora numa sociedade que explorava os pobres e se privilegiava da mão-de-obra escrava não era nem um pouco interessante dar qualquer dar quaisquer direitos a as camadas populares. Em meio a todo esse jogo de interesses tem inicio a formação dos partidos políticos no Brasil com a união da elite brasileira no Partido Brasileiro e em contrapartida a formação do Partido Português com ligações diretas com D. Pedro. Ambos estavam com os mesmos interesses à emancipação, porém cada um com um ideal diferente querendo pra si a maior detenção do poder e com isso os maiores privilégios, o que não é diferente de hoje onde os partidos lutam para assumir o poder e garantir vantagens sem se preocuparem muito com o bem estar das camadas populares.
Em meio a todo esse clima de discordância entre brasileiros e portugueses estava D. Pedro, que recebeu ordens diretas para retornar a Portugal, que tinha a intenção de manter uma monarquia dual capaz de controlar melhor o Brasil fazendo com que retornasse o antigo regime de submissão colonial. Em meio a todos esses fatores D. Pedro resolver contrariar as ordens de Portugal e ficar no Brasil, influenciado é claro por alguns fatores decisivos, um deles o abaixo assinado realizado pelo Senado e com as assinaturas da elite brasileira pedindo sua permanência. Com isso D. Pedro vê a oportunidade clara de assumir definitivamente o poder no Brasil e instalar uma Monarquia com padrões europeus na América e mesmo sendo mais por interesses pessoais do que nacionais começa ai definitivamente sua participação no processo de Independência do Brasil.
D. Pedro começa a concluir seus ideais no Brasil informando as Nações Amigas o rompimento com a Coroa Portuguesa, dando um dos primeiros passos para a emancipação que não demora a acontecer. Claro que todo aquele ato heróico retratado nos quadros não passa de pura imaginação, concretamente o processo de independência foi marcado por interesses políticos e uma disputa acirrada pela maior participação nas decisões políticas e consequentemente num maior favorecimento financeiro. Disputa essa que gerou certos conflitos dentro das províncias mesmo depois de assinado o termo de Independência, conflitos não pelo bem estar comum do povo e sim em assumir o poder e garantir certos privilégios e manutenção de riquezas.
Mesmo após a Declaração de Independência não foi fácil a unificação do país, devido à grande extensão territorial a dificuldade de comunicação entre as províncias, essas revoltas aconteceram principalmente no Norte e Nordeste do país. Em meio a tudo isso uma das primeiras medidas tomadas pelo Governo foi reforçar a área militar principalmente a Marinha, com o recrutamento de pessoas das classes populares para cargos de baixo escalão e a compra de navios que para eles eram determinantes na repressão aos revoltosos.
Todo este clima de tensão nas províncias mais uma vez estavam ligados a interesses políticos, na sua maioria era a disputa entre os comerciantes portugueses que não queriam perder os privilégios que tinha ao negociar principalmente com Portugal e os grandes proprietários de terras que se sentiam lesados por esses comerciantes e acreditavam que a total independência seria o melhor caminho para manterem seus bens e assim obter mais lucros, sem sofrerem a exploração de Portugal.
A repressão a essas revoltas não foi fácil, pois alguns estados contavam com a presença de soldados portugueses que lutavam para garantir a soberania do Monarca Português e claros continuarem garantindo a exploração da Colônia. Mesmo com todos os obstáculos as revoltas foram sendo dizimadas uma a uma, até se garantir a união total do território brasileiro.
Paralelo a todos esse acontecimento acontecia também à formulação da primeira Constituição Brasileira e não diferente de todos os acontecimentos era moldada em cima do jogo de interesses tanto que um dos principais articuladores da Independência José Bonifácio foi deposto do seu cargo por D. Pedro, com isso uma minoria principalmente de portugueses junto com D. Pedro elaboraram e promulgaram a Constituição tendo como ponto principal a centralização do poder direcionado a Corte do Rio de Janeiro.
O Estado Brasileiro já nasceu cheio de problemas conflitos de interesses e também problemas financeiros agravados pelas revoltas no Norte e Nordeste e na Província Cisplatina, pois para se manter os soldados e tentar conter os revoltosos gastava-se muito e a situação da balança comercial brasileira da época era bem desfavorável. Toda essa instabilidade fazia com que a Elite Brasileira cada vez mais lutasse para manter seus interesses.

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