segunda-feira, 29 de junho de 2009

O OPERÁRIO DO SÉCULO XIX

INTRODUÇÃO
No século XIX, problemas relacionados ao campo e com o avanço da industrialização e aberturas de novas fábricas houve uma grande migração para as cidades. As pessoas vinham atraídas por promessas de trabalho com recebimento de salários que mudariam suas vidas.
Realmente mudou as cidades não estavam preparadas para receber tantas pessoas e não havia vagas nas empresas para todos, o que gerou um grande problema social. Outro fator determinante era a habitação, pois com a migração desordenada não houve preocupação em se criar áreas destinadas a essas pessoas, que foram se aglomerando em locais sem nenhuma infra-estrutura, formando-se vilas e cortiços por todas as partes das cidades.
Com isso causou-se um impacto na vida de todos, pois eles procuravam se instalar geralmente próximos a fábrica independente de se fosse ao centro ou não das cidades. Essas habitações geralmente eram alugadas aos operários, e como os mesmos ganhavam muito pouco era normal realizarem uma “fuga” as vésperas do dia do pagamento do aluguel.
Com o passar do tempo foi sendo atribuída a essas habitações onde se aglomeravam o maior número de pessoas possível em um pequeno espaço, a causa de algumas doenças e epidemias que assolaram algumas cidades, fazendo com que autoridades criassem medidas para regulamentar e demolir algumas dessas construções. No caso das demolições as pessoas eram jogadas na rua sem ter para onde ir.
Vários foram os problemas enfrentados pelos operários do século XIX, porém vale ressaltar que mesmo com a evolução e todas as mudanças ocorrida até os dias de hoje em todas as áreas , os trabalhadores continuam sofrendo os mesmos problemas como, desemprego, falta de moradias dignas, baixos salários, ou seja a vida de quem trabalha continua sendo dura sem o retorno merecido.


OS OPERÁRIOS, A MORADIA E A CIDADE NO SÉCULO XIX

O operário do século XIX, em grande parte vinda do campo ou do subúrbio, vendo seu tempo ser tomado por longos trajetos da fabrica a residência, onde a maior parte desse tempo teria que ser dentro da própria fabrica, devido a uma longa jornada de trabalho, sente a necessidade de morar perto do local de trabalho, não levando em consideração a qualidade de moradia, mas a facilidade de morar dentro do centro urbano onde sua vida fica mais fácil como morador da cidade, embora este não necessariamente fosse unicamente operário, mas também pequenos prestadores de serviços e comerciantes ambulantes, que passam a se aglomerar em amontoados de residências, com baixo padrão, onde se leva muito em consideração o custo do aluguel pois representava uma grande fatia do orçamento, de salário naturalmente achatado, ocasionado o surgimento de surtos de doenças face ao ambiente oferecer um quadro lastimável de higiene, sem saneamento básico e a mínima estrutura habitacional, surgindo assim a afigura do cortiço.
A questão da moradia do operário no Séc. XIX e inicio do Séc. XX, é uma problemática existente na Europa em especial na França, como também no Brasil, sendo o Rio de Janeiro um palco de episódios e fatos inerentes a este assunto, O Cortiço (Aluízio Azevedo), obra que retrata um dos maiores cortiços como Cabeça de Porco.
A moradia para o trabalhador urbano sempre foi um dos maiores problemas no orçamento familiar, no século XIX em Paris não ultrapassava a 12%, já no século XX, varia de 10 a 20% da renda operaria, ocasionando diversas mudanças comportamentais de moradia para esse trabalhador, em muitas vezes o não cumprimento dos acordos de locação, as mudanças no dia do vencimento do aluguel, os protestos de inquilinos contra os locatários, proprietários de cortiços, as constantes mudanças de moradia, tornando os operários quase que nômades, arranjando assim uma maneira de amenizar a grande despesa, mas tão necessária para que o mesmo pudesse habitar dentro dos centros urbanos, onde sonha com uma vida melhor um lar digno com condições mínimas necessárias, após verificar a não realização desse sonho, passa a ser um grande motivo de descontentamento por parte dos trabalhadores, ocasionando manifestações diversas em oposição aos “Donos”, pedindo melhoria nas moradias, chegando a formar sindicatos de locatários em 1912.
O agravamento das superpopulações nos centros urbanos deu se principalmente em decorrência da Grande Depressão, falência de empresas, ocasionadas por produção sem mercado consumidor, gerando desempregos instabilidade social, forçando os governos a tomarem medidas protecionistas nos anos 1882-1890, onde os camponeses deixam a terra e migram para as grandes cidades, especialmente Paris, ocasionando uma, grande população urbana, tomando o espaço público, as locando compartimentos para solteiros, mas com o aumento progressivo, as residências passam a ser comum para mais de uma família, diminuindo a qualidade de vidas e as condições mínimas de salubridades para uma grande metrópole, esta superpopulação passa mais tarde a ser acusada de causadora de propagação de doenças ocasionadas por contágios.
A gravidade do problema do aluguel, e um dos elementos, e levou a criação da Comuna de Paris, movimento revolucionário, que se opunha a Assembléia Nacional, favorável à rendição da França ante Prússia que em defesa do trabalhador, fez com que o um dos primeiros atos do Governo Republicano (Revolucionário) em 1870, foi uma moratória dos alugueis.
Todo esse inchaço nas cidades mudou e muito na paisagem urbana da época, pois as pessoas se instalavam em qualquer lugar formando vilas de casas e barracos sem nenhuma estrutura, as cidades não tinham infra-estrutura, os serviços básicos não chegavam até essas pessoas.
No Brasil a questão foi agravada com a Abolição da Escravatura, os negros não tinham para onde ir e foram se aglomerando nas vilas e cortiços das cidades isso fez com que aumentasse ainda mais o número desses tipos de habitações, o pior para as autoridades é que esses cortiços se localizavam geralmente nos centros das cidades.
A aglomeração e a falta de saneamento básico e água encanada desencadeou uma série de problemas relacionados à saúde publica, foram registrados na época no Brasil varias epidemias, todas relacionadas à existência das vilas e cortiços. Isso fez com que as autoridades tomassem medidas contras essas habitações, algumas leis foram criadas e os cortiços aos poucos foram sendo banido das cidades, o pior é que as pessoas eram praticamente expulsas de suas casas, sem ter para onde ir foram se aglomerando mais uma vez de forma irregular e sem o mínimo de infra-estrutura, só que dessa vez nos morros e bairros afastados, começando assim o surgimento das favelas.
Uma diferença em relação aos dias de hoje, onde as pessoas estão cada vez mais lutando pelo direito de ter uma moradia digna, no século XIX, as pessoas além de enfrentar dificuldades no trabalho e morar em locais sem a mínima condição de se viver, tinham que lutar pelo direito de usufruir dos locais públicos, pois na época alguns locais mesmo sendo públicos eram restritos a certas classes o que aumentava o sofrimento das pessoas.
Em meio a tantas desigualdades e exploração do trabalho dos mais pobres surge em Salvador um exemplo de que seria possível o industrial darem condições melhores aos seus funcionários.
Em março de 1891, o empresário baiano Luiz Tarquínio, juntamente com mais dois sócios fundou na cidade de Salvador a Companhia Empório Industrial do Norte – CEIN, um empreendimento inovador e considerado ousado pelos conterrâneos do período.
A CEIN despertou atenção por seu tamanho, pelas inovações no maquinário adotado e pelo propósito de produzir tecidos até então não fabricados no Brasil. Todavia, os aspectos que despertaram maior interesse foram à construção de uma vila para abrigar os funcionários e o tratamento dispensado ao conjunto dos empregados. A vila, anexa à fábrica foi inaugurada em maio de 1892. A forma específica de organização do trabalho, a higiene, o incentivo a educação formal, as casas alugadas para moradia dos empregados com água canalizada, esgoto, luz elétrica e gasogênio numa vila que contava com açougue, gabinete médico e creche explicam a surpresa naquele momento. Em um período dominado pelo inicio de um capitalismo selvagem onde os lucros estavam acima de tudo essa atitude pegou a todos de surpresa, e nos deixa um duvida, não seria possível que pelo menos uma parte dos empresários da época pudesse tomar uma atitude parecida para melhorar a vida de seus funcionários? Ou será que o dinheiro estava acima de tudo? Isso é uma questão difícil de responder o fato é que a grande maioria só estava preocupada com seus lucros e quantos mais pudessem ganhar explorando aqueles que nada tinham o faziam.
Todos esses problemas enfrentados pelos operários do século XIX não são diferentes dos enfrentados com o passar dos tempos, houve uma evolução lógica, muita coisa mudou, criaram-se leis, o avanço tecnológico tomou conta das fábricas, porém no que se diz respeito à igualdade social e respeito pelo trabalhador muito coisa continua do mesmo modo. No que se diz respeito à moradia, a grande maioria da população continuam morando em bairros sem infra-estrutura, as favelas estão cada vez maiores, e as pessoas não têm direito a moradia, saúde, educação e outros direitos mínimos.
Os empresários de hoje como os do passado estão mais preocupados com os lucros, do que com o bem estar dos funcionários, os salários são baixos e o desemprego é cada vez maior, pois, houve um aumento populacional muito grande, e com as novas tecnologias as maquinas substituem a mão-de-obra humana o que só agrava o problema. Com isso os índices de pessoas que vão parar nas ruas só aumentam juntamente com a criminalidade e a prostituição.
Com isso podemos dizer que o mundo evolui e em todos os aspectos inclusive nos problemas sociais que assolam a todos.

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