segunda-feira, 29 de junho de 2009

A ARTE EGÍPCIA

A arte egípcia refere-se à arte desenvolvida e aplicada pela civilização do antigo Egito localizada no vale do ri Nilo no Norte da África. Esta manifestação artística teve a sua supremacia na região durante um longo período de tempo, estendendo-se aproximadamente pelos últimos 3000 a.C. e demarcando diferentes épocas que auxiliam na clarificação das diferentes variedades estilísticas adotadas: Período Arcaico, Império Antigo, Império Médio, Império Novo, Época Baixa, Período Ptolomaico e vários períodos intermediários. Mas embora sejam reais estes diferentes momentos da história, a verdade é que incutem somente pequenas nuances na manifestação artística.
A arte do antigo Egito seve acima de tudo objetivos políticos e religiosos. Deste modo a arte representa, exalta e homenageia constantemente o faraó e as diversas divindades da mitologia egípcia, sendo aplicada principalmente a peças e espaços relacionados com o culto dos mortos. Os túmulos são, por isto, os marcos mais representativos a arte egípcia.
A arte egípcia é profundamente simbólica. Todas as representações estão repletas de significados que ajudam a caracterizar figuras, a estabelecer níveis hierárquicos e a descrever situações.
A harmonia e o equilíbrio devem ser mantidos, qualquer perturbação neste sistema é, consequentemente, um distúrbio na vida após a morte. Para atingir este objetivo de harmonia são utilizadas linhas simples, formas estilizadas, níveis retilíneos de estruturação de espaços, manchas de cores uniformes que transmitem limpidez e às quais se atribuem significados próprios.
A hierarquia social e religiosa traduz-se, na representação artística, na atribuição de diferentes tamanhos às diferentes personagens, consoante a sua importância.
A arte egípcia, à semelhança da arte grega, apreciava muito as cores. As estátuas, o interior dos templos e dos túmulos eram profundamente coloridos. Porém a passagem do tempo fez com que se perdessem as cores originais que cobriam as superfícies dos objetos e esculturas. As cores não cumpriam apenas uma função primária decorativa, mas encontravam-se carregadas de simbolismo. O preto estava associado à noite e a morte, a fertilidade e a regeneração, o branco era a cor da pureza e da verdade, o vermelho representava a energia e a sexualidade, o amarelo era a cor da eternidade, o verde a regeneração e a vida e o azul estava relacionada ao Nilo e ao céu.
Embora seja uma arte estilizada é também uma arte de atenção ao pormenor, de detalhe realista, que tenta apresentar o aspecto mais revelador de determinada entidade, embora com restritos ângulos de visão.
O fato de, ao longo de tanto tempo, esta arte pouco ter variado e se terem verificado poucas inovações, devem-se aos ritos cânones e normas e regras a que os artistas deveriam obedecer e que, de certo modo, impunham barreiras ao espírito criativo individual. A conjunção de todos esses elementos marca uma arte robusta, sólida, solene criada para toda a eternidade.
Por regra, o artista egípcio não tem um sentido de individualidade da sua obra, ele efetua um trabalho consoante, uma encomenda e requisições específicas e raramente assina o trabalho final. O trabalho e efetuado em oficinas, onde se reúnem os executores e seus mestres nas diferentes tipologias artísticas, escultores, pintores, carpinteiros e mesmo embalsamadores. Nestes locais trabalha-se em série e os trabalhos saem em série.
No entanto é possível identificar diferenças entre distintas obras e estilos que refletem traços de determinados artistas. Mas o artista é também visto como um indivíduo com uma tarefa divina importante.
A arte egípcia prima, de um modo geral, pela constante homogeneidade e expressa um mundo pictórico e formal únicos. A identificação de determinada obra como pertencente a este grande movimento estilístico não oferece dificuldade.
Durante o Período Arcaico, e após a descoberta da escrita, o Egito está unido e o seu desenvolvimento acelera, estabelecendo-se e cristalizando-se já aqui os traços do que seria a arte egípcia. Perde-se o primitivismo formal e são aqui ainda presentes algumas influências da arte mesopotâmica, especialmente nas fachadas dos templos, e domina ainda o uso do adobe cozido ao sol, substituído no final do período pela pedra.
A III dinastia é remetida por alguns autores já para o início do Império Antigo. Com a transição para a pedra surge também a arquitetura e a vincada noção egípcia de eternidade vinculada ao faraó. As propor do corpo humano tornam-se mais equilibradas, cresce a atenção ao pormenor. A edificação assume um objetivo simbólico.
Durante a IV dinastia edifica-se a monumentais pirâmides, que fascinam pela sua impressionante construção. Na V dinastia se reduz as dimensões monumentais para as proporções mais humanas. É também nesta altura que se impulsiona o gosto pelas estátuas-retrato de grande robustez pelo seu volume cúbico e imobilidade.
No que se diz respeito a escultura podem ser estabelecidas diferenças de concepção entre a estatuária real e a estatuária de particulares. Do tempo da V dinastia são escassas as estátuas de reis, mas em compensação abundam as estátuas de particulares, são desta época as diversas estátuas de escribas, que retratam estes funcionários na pose de pernas cruzadas, uma forma de representação que se manterá até a Época Greco-Romana. Os materiais utilizados na escultura deste período foram diorite, granito, xisto, basalto, calcário e alabastro.
No primeiro Período Intermediário, os tempos políticos conturbados refletem-se na arte tornando-a quase inexistente e com maior incidência nos textos literários, que expressam a revolução espiritual da época.
No Império Médio que corresponde a XI e XII dinastias, após o período de decadência do poder central e político, a arquitetura adapta-se aos padrões estilísticos anteriores ao nível da construção, procurando-se retomar a construção de pirâmides, estas pirâmides não atingem a grandeza das do Império Antigo. As mais altas pirâmides desta época foram a de Senuseret (78 metros) e a de Amenemhat (75 metros).
A expressão humana na escultura vai ganhar uma nova dimensão e realismo nesta época, passando-se a representar nas estátuas reais o envelhecimento. Nesta época criam-se as esfinges reais nas quais o rosto do monarca aparece emoldurado por uma juba.
Os locais onde a pintura melhor se manifestou foram os túmulos dos governadores dos monos, em cujas paredes se recriam cenas de caça, pesca, banquete e danças. A pintura é realizada sobre estuque fresco ou sobre relevo.
As artes decorativas conhecem uma das épocas mais importantes, sobretudo no que se diz respeito aos trabalhos de joalheria. São bastante conhecidos os pequenos hipopótamos em fiança decorados com motivos vegetais. A literatura desenvolve o gosto pelo provérbio, o romance e a história.
No Segundo Período Intermediário praticam mais a matemática, a medicina e a cópia de papiros de épocas anteriores.
Durante a XIX Dinastia foram construídos os gigantescos templos de Abu Simbel, na Núbia, ao sul do Egito. A escultura, naquele momento, alcançou uma nova dimensão e surgiu um estilo cortesão, no qual se combinavam perfeitamente a elegância e a cuidadosa aos detalhes mais delicados. A arte na época refletia a evolução religiosa promovida pelo faraó que adorava Aton, Deus solar, e projetou uma linha artística orientada nesta nova direção, eliminando a imobilidade tradicional da arte egípcia. A pintura predominou então na decoração das tumbas privadas. Durante o Novo Império, a arte decorativa, a pintura e a escultura alcançaram as mais elevadas etapas de perfeição e beleza.
No Império Novo dá-se de novo a unificação do Egito e a arte volta a ter mais uma das suas épocas de ouro, com um novo começo em que vão reavivar as tradições do passado e m que as forças criadoras vão erguer vários edifícios de pedra de construção arrojada e que ainda podem ser admirados.
Na XVII dinastia propaga-se o chamado “Estilo Ekhenaton”, ou Estilo Amarniano, que se caracteriza por ser mais naturalista, em que se tenta quebrar com as regras anteriores da solidez e da imobilidade. O gosto pela representação do mundo animal está igualmente presente.
A XIX dinastia egípcia impulsionou diversas construções. Neste momento dá-se o pico da pintura e do relevo e a literatura abandona o pessimismo voltado para o relato ligeiro de histórias mitológicas, fábulas, épicos de guerra e também para a poesia romântica. Até o final deste período vão se impor estilos variados não representativos, que retomam antigas tradições, especialmente a nível de escultura.
No Terceiro Período Intermediário, destaca-se a perfeição alcançada nos trabalhos dos metais.
Na escultura da Época Baixa verifica-se um arcaísmo, uma inspiração nos modelos do Império Antigo. Na XXVI dinastia nota-se igualmente o apuro na polidez da pedra, dando origem a trabalhos que alguns autores denominam “arte lambida”.
Apesar de sua origem macedônia, a dinastia ptolemaica adotou formas artísticas dos Egípcios. Os reis ptolemaicos foram representados nos templos como os antigos faros. São desta época os conhecidos templos de Isis em Filae, o templo de Hórus em Dendera e o templo de Edfu.

A arte egípcia se diferencia das demais por não seguir uma linha de evolução, seu simbolismo é estritamente político e religioso, ou seja, pouco se leva em conta o talento de criação do artista, ela é feita para satisfazer os desejos de quem o contrata, quase sempre o faraó. Cada faraó contratava as pessoas para fazer as obras que lhe interessava, e isso tinha que ser realizado de acordo com seu desejo, a grandeza de alguns monumentos era para demonstrar que seu poder era maior que de seu antecessor. A pintura e a arquitetura retratam sempre o faraó como um ser supremo sendo reverenciado e adorado. O culto aos mortos também é retratado em muitas obras.
Os altos e baixos da arte egípcia se dá de acordo com a evolução da civilização, nos períodos mais prósperos são mais evidentes os resquícios de obras. Mesmo com todas essas regras a serem seguidas pelos artistas, as obras egípcias impressionam e muito não só pela grandeza mais também pelo estilo único de sua pintura, ao observarmos uma pintura egípcia teremos sempre à impressão de estarmos sendo observados por ela, isto se dá pela posição que os corpos são pintados. Talvez essa posição tenha haver com o culto aos mortos, pois sua grande maioria foi encontrada nos túmulos, essa crença na reencarnação do seu faraó pode ter inspirado os pintores colocando sempre os olhos numa posição de vigiar os pertences ali guardados.
Mesmo sendo direcionada a um objetivo restrito, ela foi evoluindo pouco a pouco principalmente na utilização de novos materiais, essa evolução talvez tivesse sido bem maior se a liberdade de criar fosse atribuída ao artista, pois mesmo estando restrito a satisfazer o desejo de seu contratante seu talento é inegável, o que não teriam feito esses artistas se lhe fosse concedido o direito de expressar seu talento livremente.

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